By Joana Lopes 
Paula Scher é uma das designers gráficas mais influentes do mundo. Com uma carreira que atravessa mais de quatro décadas, ela revolucionou o design gráfico ao unir referências do design clássico com ousadia, tipografia expressiva e uma abordagem artística única.
Quem é Paula Scher?
Paula Scher nasceu em 1948 nos Estados Unidos e é uma das figuras centrais da Pentagram, uma das maiores e mais prestigiadas agências de design do mundo, onde é sócia desde 1991. Antes disso, trabalhou como diretora de arte em grandes empresas, como a CBS Records, onde criou mais de 1500 capas de álbuns.
De que forma impactou o design gráfico?
1. Redefiniu o uso da tipografia
Paula Scher desafiou as convenções tipográficas tradicionais. Em vez de tratar a tipografia apenas como um elemento funcional, ela usou-a como expressão visual, dando-lhe ritmo, emoção e protagonismo. Um exemplo famoso é a identidade visual para o Public Theater de Nova Iorque, onde misturou estilos tipográficos de forma arrojada e vibrante, algo que, na época, era considerado radical. Esse trabalho foi tão inovador que ajudou a moldar a estética do design cultural americano nos anos 90.
2. Mistura de arte e design
Ela é conhecida por quebrar as fronteiras entre design gráfico e arte. Muitas das suas composições fazem lembrar pinturas e mapas artísticos. Inclusive, ela pinta mapas detalhados à mão como expressão artística paralela ao seu trabalho comercial. Isso contribuiu para que o design gráfico fosse visto também como uma forma de expressão artística, e não apenas comercial.
3. Influência institucional e cultural
Scher redesenhou identidades para instituições de peso como o MoMA, o Metropolitan Opera, o Citibank, entre muitos outros. O seu trabalho ajudou a dar uma nova cara, mais moderna, acessível e visualmente impactante, a várias instituições culturais e corporativas.
4. Educação e inspiração
Além do seu trabalho comercial e artístico, Paula Scher é uma voz ativa na formação de novos designers. Dá palestras, participa em documentários, como na série Abstract da Netflix, e inspira milhares de profissionais e estudantes ao redor do mundo com a sua visão criativa, irreverente e crítica do design.
Caso Prático: O logótipo do Citibank – quando a genialidade cabe num guardanapo
Uma das histórias mais emblemáticas da carreira de Paula Scher, e talvez do design gráfico contemporâneo, aconteceu numa reunião entre a Pentagram e o Citibank, no início dos anos 2000.
O Citibank, após a fusão com o grupo Travelers, precisava de uma nova identidade visual. Durante uma reunião com os executivos, enquanto todos falavam sobre branding, fusões e estratégia, Paula Scher pegou num guardanapo, desenhou rapidamente um esboço com uma caneta e disse:
“É isto. Aqui está o vosso logótipo.”
Esse esboço tinha a palavra Citi, com um arco vermelho a unir o “t” e o “i”, simbolizando o guarda-chuva vermelho do Travelers Group, um dos elementos mais reconhecidos da marca antiga. Simples, direto, simbólico.
Mas como assim “fez um logo em cinco minutos”?
Essa pergunta ecoa até hoje e a resposta de Paula é uma lição para todos os criativos:
“Levei uma fração de segundo para desenhá-lo, mas 34 anos de experiência para conseguir fazê-lo em uma fração de segundo.”
O esboço foi claro. O logótipo passou por refinamentos técnicos e ajustes tipográficos, mas a ideia central surgiu ali, num instante de clareza que só alguém com profunda experiência e visão poderia ter.
Mas porque é que este logótipo é tão icónico?
- Integração simbólica: O arco vermelho faz referência direta ao histórico guarda-chuva da Travelers, representando continuidade e fusão.
- Simplicidade estratégica: Paula sabia que as marcas bancárias precisam de clareza e confiança. O logo transmite exatamente isso.
- Eficiência visual: É limpo, memorável e versátil. Pode ser aplicado em qualquer meio, sem perder impacto.
O que podemos aprender com Paula Scher?
- É preciso arriscar: muitos dos seus projetos mais marcantes surgiram quando ela ousou ir contra as regras.
- Conheça as regras, mas não tenha medo de quebrá-las: Scher domina o design clássico, mas usa esse domínio para inovar.
- O design é uma linguagem visual e, como toda linguagem, deve emocionar, envolver e provocar.
“É apenas design gráfico, mas pode mudar o mundo.” – Paula Scher
Conclusão
Paula Scher é uma verdadeira referência no mundo do design gráfico, não apenas pelo seu talento e inovação, mas também pela forma como desafia limites e redefine o que é possível na comunicação visual. A sua carreira é um lembrete poderoso de que a ousadia, a autenticidade e a paixão são ingredientes essenciais para deixar uma marca duradoura. Se procura inspiração para seguir o seu próprio caminho no design, a trajetória de Paula Scher é um excelente ponto de partida e um convite para acreditar no seu potencial criativo.