Lançar-se como designer freelancer pode ser tão entusiasmante quanto desafiante. Talvez tenhas acabado o curso, talvez estejas a mudar de área ou apenas a dar o salto para a liberdade profissional. Mas uma pergunta continua a ecoar na cabeça de quem está a começar:
“Como é que consigo os meus primeiros clientes?”
Não precisa ser famoso no Instagram, nem ter um portfólio de luxo. Precisa, sim, de estratégia, consistência e confiança.
Neste artigo, partilho consigo dicas validadas para começar a construir a sua base de clientes, mesmo que esteja a começar do zero.
1. Construir uma presença online
Não tem de começar com um site todo XPTO. Mas precisa de uma “montra”, um lugar onde as pessoas vejam do que é capaz.
O que pode fazer:
- Criar um perfil no Behance ou Dribbble com 3 a 5 projetos (mesmo que fictícios)
- Utilizar o Notion para criar um portefólio simples e partilhável
- Atualizar o LinkedIn com o que faz, mesmo que ainda não tenha clientes.
Dica: cada projeto deve mostrar mais do que o visual, explique o desafio, o processo e o resultado. Isso mostra pensamento estratégico e não só talento gráfico.
2. Utilizar o poder da sua rede pessoal
Antes de tentar convencer estranhos, lembre-se: os primeiros clientes estão muitas vezes mais perto do que pensa.Fale com amigos, familiares, professores, antigos colegas. Publique nas suas redes pessoais que está disponível para projetos. Crie um pequeno pitch que possa dizer em 2 frases sobre o que faz.
Por exemplo, “Estou a aceitar projetos como designer freelancer, principalmente para quem precisa de identidade visual ou redes sociais. Se conheceres alguém, avisa-me!”
A primeira encomenda não precisa de ser perfeita. Precisa de acontecer.
3. Posicionar-se como solucionador de problemas
Não venda só serviços de design, venda soluções.
Os clientes não compram logótipos. Compram identidade. Confiança. Diferenciação. Clareza visual. Posicionamento.
Por exemplo, em vez de dizer: “Faço branding”
Diga: “Ajudo negócios a criarem uma imagem visual coerente, profissional e alinhada com os seus valores.”
Percebe como a perceção muda?
Mostre que compreende o impacto do design na estratégia do negócio e destaque-se automaticamente de 90% dos designers iniciantes.
4. Começar com projetos fictícios
Se ainda não tem trabalhos reais, crie os seus próprios desafios:
- Reimaginar a identidade de uma marca local
- Criar um projeto para uma marca fictícia
- Participar em desafios de design
Estes projetos vão enriquecer o seu portefólio e, mais importante, mostrar o seu processo criativo e versatilidade.
5. Oferecer valor antes de pedir algo em troca
Uma forma eficaz de atrair clientes é mostrar que compreende as dores deles antes mesmo de eles lhe pagarem. Como?
- Partilhar dicas úteis no Instagram ou Linkedin
- Fazer análises rápidas de logótipos
- Criar conteúdos que ajudam empreendedores a perceber a importância do design
Isso posiciona-o como especialista e cria confiança. E a confiança é o primeiro passo antes de alguém comprar.
6. Escolher os canais certos para se promover
Pode estar em todo o lado, mas isso não quer dizer que deva. Comece com dois canais estratégicos onde o seu público-alvo está. Por exemplo:
- Instagram (se queres trabalhar com marcas pessoais ou pequenas empresas)
- LinkedIn (se preferes trabalhar com startups, coaches ou profissionais liberais)
- Grupos de Facebook (há vários de freelancers e empreendedores)
- Plataformas como Malt, Fiverr, 99designs (para trabalhos pontuais)
E lembre-se: não basta estar lá. É preciso aparecer com consistência e intenção.
7. Trabalhos gratuitos: sim, mas com limites
Este tema divide opiniões. Mas a verdade é que, às vezes, vale a pena se for uma jogada estratégica.
Faz sentido oferecer o seu trabalho gratuitamente se:
- O projeto tem visibilidade real e não só promessas vagas
- Vai poder usá-lo no portefólio
- O cliente está disposto a dar um bom testemunho ou recomendação
Mas atenção: define limites. O objetivo é começar, não ficar preso em trocas eternas.
8. Tornar-se memorável
Quando está a começar, a diferença entre ser escolhido ou não está, muitas vezes, na forma como se apresenta. Personalize cada mensagem que envia. Mostre interesse genuíno. Evite copiar e colar. Seja educado, direto e sem forçar. É assim que se começa uma conversa.
Conclusão: começar não é fácil, mas é possível
Todos os freelancers de sucesso que admira começaram com um portefólio em branco. O que os diferenciou foi a ação consistente, mesmo com medo, mesmo sem tudo perfeito.
Por isso, se está a dar os primeiros passos, este é o seu lembrete: não precisa de esperar por oportunidades, pode começar a criá-las.